
Diretamente da minha lista de leituras, que cresce exponencialmente, saiu finalmente este mês o Frankenstein! Um clássico intemporal que tinha na mira há muito tempo, não só por ser um clássico, mas também por ter sido escrito por uma mulher que, à data em que foi escrito, era ainda uma jovem adulta.

O Frankenstein conta a história de Victor Frankenstein, que criou um ser que pretendia ser uma evolução do ser humano, com capacidades emocionais aprimoradas e com maior robustez física. Acaba por criar um monstro. Usualmente chamamos Frankenstein ao monstro que Vitro Frankenstein criou, mas na realidade ele não tem nome. Assim, o Frankenstein é considerado uma obra de terror gótico de referência.
Para mim o Frankenstein fala de muito mais do que das experiências de um homem, que queria criar um ser humano aprimorado, que acabam mal: trata essencialmente da temática da morte e da nossa condição humana incapaz de lidar plenamente com a morte de quem nos é querido. É um livro que está muito bem escrito, transmitindo muito bem o terror atmosférico ao longo da narrativa. Para mim existe sempre uma ligação, por vezes direta, outras vezes de clara oposição e contraste, entre todas as descrições das paisagens ou dos cenários e os sentimentos do narrador. Achei incrível, considerando a data em que foi escrito, o facto de ser uma mulher quem o escreve e também o de não termais do que 19 anos, a fluidez da narrativa, as noções científicas e toda a estrutura do romance.
Frankenstein foi escrito no início do século dezanove e, embora seja considerada uma obra de terror é também, e para mim fundamentalmente, como muitas das grandes obras dessa época é um clássico do romantismo. Na minha leitura o que me perdeu foram as grandes descrições de todos os cenários por onde Victor ia passando. E talvez também não ajudou o facto de ser narrada na primeira pessoa, dando sempre a perspetiva do Victor, que estando angustiado agudizava tudo e mais alguma coisa. A certo ponto satura um pouco; ok, percebemos o drama, mas acho que seria mais interessante ter outro ponto de vista.
O que também não ajudou, pelo menos no meu caso, foi o facto de me encontrar de certa forma condicionada pela ideia popularizada do que é o monstro do Frankenstein, e estar sempre um pouco na expectativa que fosse acontecer alguma coisa mais brusca e aterrorizante. Claro que a certo ponto da leitura percebemos que não é esse o caminho da história, mas ainda assim sinto que essa “crença pop” do que é o Frankenstein acaba por "minar" a leitura.
Gostei de ler o Frankenstein e de conhecer a verdadeira história deste monstro e do seu criador. É um livro que mergulha nas profundezas do carácter de um homem que sonha criar vida, e acompanha todas assuas dúvidas e angústias, enquanto dá voz a um monstro que todos julgam apenas pela sua fealdade e nada sabem acerca do seu íntimo. Para mim valeu muito apena a leitura e se gostam de livros que investigam intimamente a consciência, a capacidade de afeição e os desafios morais, aconselho.
E vocês, já leram o Frankenstein? Gostaram de ler ou ficaram com vontade de ler? Contem-me tudo!